Afinal, o que se trata é da aceleração das desigualdades!

A manter-se a proposta do ME de imposição dos professores terem exercido funções na totalidade do período em que a carreira esteve congelada, origina que as medidas destinadas a corrigir as assimetrias tenham o efeito perverso e redundem na aceleração das desigualdades e injustiças para com professores que já foram amplamente prejudicados na carreira.

Bastará um dia de interrupção no exercício de funções durante os 2 períodos de congelamento, para não recuperarem sequer um dia de tempo de serviço em que a carreira docente esteve congelada.

São professores que têm atualmente entre 20 a 30 anos de tempo de serviço, que são sistematicamente prejudicados e objeto das mais variadas injustiças, no passado, no presente e no futuro!

Desde a precariedade resultante de 15, 20 e mais anos a contrato, às distâncias percorridas para trabalhar, o tempo de serviço congelado, os salários congelados, o afastamento das famílias, a separação do núcleo familiar, dos filhos, dos pais, o adiamento de projetos de vida.

Olhando para trás, verão o reflexo de uma carreira pejada de injustiças, de discriminação laboral resultantes dos efeitos da troika, das consequências de uma pandemia mundial e de (des) governos, que ao invés de reconhecerem e valorizarem o trabalho meritório de enorme dedicação e empenho desenvolvido com os alunos, nacional e internacionalmente reconhecido pelas mais variadas instituições, insistem e persistem na negação da justeza das reivindicações dos professores!

As escolas, os professores e os alunos precisam de tranquilidade para poderem desenvolver com excelência as funções que lhes estão acometidas.

Os professores estão a demonstrar a sua determinação nesta luta, tendo-se criado uma “onda” de indignação, por anos a fio não verem reconhecidos os sacrifícios pessoais e profissionais em prol dos seus alunos, de não verem as suas reivindicações atendidas. Não há história de um ano letivo tão conturbado, manifestações nacionais, formas de greve inovadoras, de âmbito nacional, distrital e local, nunca se tinha assistido a tantos dias de greve, vigílias e até greves de fome!

Quando vai o governo entender que terá de flexibilizar as suas (im) posições?

Qual o custo para a Educação dos nossos jovens e para o futuro do país, inerente à falta de paz, de estabilidade, de tranquilidade, de um ano letivo turbulento e que se advinha permanecer assim até ao final do ano?

É urgente e inadiável haver um esforço conjunto, sério para a resolução deste impasse, em prol do futuro e da excelência da Educação.

Que a reunião negocial de amanhã não seja mais uma perda de tempo! Porque se assim não for, será o mesmo segmento dos professores que viram as suas carreiras mais prejudicadas nas últimas duas décadas, a voltarem, mais uma vez, a ser lesados e penalizados.

Ou, afinal do que se trata é da aceleração das desigualdades!

 ANVPC, 19 de abril de 2023

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